domingo, 18 de abril de 2010

Entrevista do Procurador do Estado Manoel Onofre ao blog nominuto.com



Ele trabalha muito e adora o que faz. Aos 37 anos, o Procurador Geral de Justiça do Rio Grande do Norte, Manoel Onofre Neto, contou ao Nominuto.com como alia o cargo no campo jurídico ao pessoal, sempre pensando no lado social e nos benefícios para a sociedade. Poucas pessoas sabem, mas o expoente no campo da promotoria e procuradoria do Estado, gosta de correr, aprecia o sabor dos vinhos e até se arrisca a cozinhar nas horas livres.
Nascido em Umarizal, município do interior do Rio Grande do Norte, o Procurador Geral de Justiça mais jovem do Brasil começou sua formação escolar estudando em escolas públicas estaduais e aos 15 anos, quando veio morar em Natal, estudou na antiga Escola Técnica Federal e no Colégio das Neves. Aos 17 anos, ingressou na carreira acadêmica, nos cursos de Direito na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, e Turismo, na faculdade particular Facex.
Mas a carreira jurídica sempre foi o foco pessoal de Manoel Onofre pela possibilidade de contribuição junto à sociedade. Ele estudou e passou no concurso de promotor do Estado, com atuação na Vara da Infância e da Juventude.
Nominuto - Como foi sua trajetória até chegar aqui?
Manoel Onofre - Na minha família, eu tinha exemplos da área jurídica. Meu avô materno, meu tio materno, meu tio paterno, existiam vivências bem-sucedidas, acabei despertando esse interesse pela profissão e pela justiça. Foram duas as maiores questões: minha mãe era professora e tinha um trabalho muito ligado à questão social e aí, eu juntei uma coisa a outra. O foco na justiça social é minha inspiração para a área.
Nominuto – E depois que o senhor entrou na faculdade, como era sua rotina de estudo, trabalho
...Quando eu vim morar em Natal, estudava no Colégio das Neves e ao mesmo tempo na Escola Técnica, fui aprovado no curso de Direito com 17 anos e no curso de Turismo. Sempre gostei muito de estudar e de ler também. Fiz o curso de Turismo porque gosto muito de viajar. Advoguei por um período (foi uma experiência muito positiva da qual eu tenho ótimas lembranças), estive na Escola Superior de Advocacia aqui no Rio Grande do Norte e resolvi fazer o concurso para Promotor de Justiça. Aprovado, fui para o interior do Estado. Depois, vieram o mestrado na Universidade Clássica de Lisboa e as pesquisas em outros países: fiquei três meses na Sorbonne, três meses na Servilha e seis meses na Inglaterra. Sempre estudando a temática da moralidade administrativa no seu nascedouro, quais eram os elementos que inspiravam o legislador brasileiro incluir na legislação o princípio da moralidade administrativa.
Nominuto - Quais as áreas do Direito que o senhor era mais interessado?
O Direito Penal era a área que eu mais me interessava e depois de formado, a área de criança e adolescência, incentivado por uma pessoa muito importante nesse percurso, o professor Hélio de Vasconcelos - meu primeiro professor - e depois, o Dr. José Dantas, que é o juiz que foi meu segundo professor na Escola da Magistratura. Eles me influenciaram decididamente e me ensinaram sobre a área. Muito do que sou hoje e do que aprendi devo ao incentivo dado pelo professor Hélio Vasconcelos.
Nominuto – Sabemos que o Ministério Público hoje em dia tem uma atuação mais forte na sociedade, com exemplos de moralidade internamente e externamente. Como o senhor vê essa imagem para a sociedade?
Essa talvez seja uma das minhas principais responsabilidades enquanto gestor. O Ministério Público é vitrine e precisamos ter cuidado, sobretudo com a responsabilidade por esses cuidados muito bem construídos. Não estou dizendo com isso que o Ministério Público é melhor do que as demais instituições, nem que é a dona da verdade, mas todos têm que ter essa preocupação.
Nominuto – O senhor ficará durante dois anos a frente do Ministério Público e depois não tentará reeleição. Porque esse rodízio é tão importante?
Como muitas medidas que precisam ser tomadas são medidas ‘antipáticas’ porque ferem, via de regra, o interesse de muitos, quem eventualmente entra para ser Procurador Geral de Justiça pensando em um projeto de reeleição não vai cumprir o seu ‘mister’, porque vai ficar sempre com o cuidado de não desagradar e não vai tomar medidas determinantes para o bom funcionamento da Instituição.
Nominuto – Como o senhor vê a sua atuação do Ministério Público com varias campanhas, como a Lei da Mordaça e outras contra a corrupção?
A instituição entra em conflito com interesses dos mais variados e ela precisa se resguardar e ficar atenta, tendo os elementos de contato com a sociedade bem claros porque ela existe em razão da sociedade e precisa desenvolver esse trabalho. A conquista que a instituição teve a partir de 1988 precisa ser preservada e é determinante para os membros do Ministério Público. As campanhas são estratégicas e têm objetivo de mostrar e envolver a sociedade na resolução desses conflitos.
Nominuto – Vamos falar um pouco da sua vida pessoal agora. Quem é Manoel Onofre no dia-a-dia. Como o senhor se cuida?
Eu acordo cedo, corro todos os dias e frequento a academia. Eu tenho pouca necessidade de sono, apenas sete horas, muito embora eu durma muito bem e tenha tranquilidade quanto a isso e fico bem com o meu corpo. Essa questão de exercício físico e alimentação é bem importante para mim, é uma área que eu cuido muito. Até porque eu já tive peso acima da média, chegando a 117 quilos e perdi 36 quilos. Perdi porque mudei meus hábitos alimentares. Ao entrar na faculdade mudei minha alimentação e emagreci.
Nominuto – A sua idade, sua juventude é notória. Como o senhor trabalha isso, a frente do Ministério Público, como é seu lazer no final de semana?
É tranquilo. Eu continuo mantendo minha rotina, meu cargo não atrapalha minha vida. Exige um pouco mais porque tem que ter uma atenção diferenciada, num sistema de sentinela, mas eu não posso mudar minha maneira de ser porque vou exercer uma atribuição. Os colegas, quando me elegeram, sabiam exatamente como eu era. Eu gosto de praia, de leitura e de arte como um todo. Frequento muito teatro, cinema e eventos de pintura. Eu tenho amigos e familiares que são os principais vetores do elemento fora da profissão.
Nominuto – Habilidades...
Eu gosto de cozinhar, gosto de vinho e de comer bem (comida regional também). Gosto muito de viajar. Como é um trabalho institucionalizado e não personalizado, a instituição não sofre qualquer dificuldade na minha ausência porque a gestão é feita de forma bastante discutida com a equipe. Por exemplo, nas minhas férias, eu vou viajar e certamente terá uma colega com muita competência para me substituir, no caso, a minha adjunta.
Nominuto – Hoje, qual seria o desejo do procurador?
Eu não tenho nenhum projeto especial, mas desejo voltar para a minha Promotoria da Infância e de Juventude com um trabalho mais cuidadoso, de forma mais amadurecida. Eu até recebi convite para ocupar outros cargos, agora como Procurador Geral, mas não aceitei em respeito ao projeto institucional. Fui convidado para coordenar o Grupo Nacional de Direitos Humanos, que é um grupo do Ministério Público, eu até conciliaria, mas eu agradeci ao presidente do Conselho Nacional de Procuradores Gerais de Justiça porque, na minha visão, atrapalharia um trabalho que nos exige estar muito próximos dos acontecimentos.
Nominuto – O senhor é um exemplo para os profissionais da área jurídica. O que diria para quem está estudando para a área jurídica, principalmente a carreira de promotor?
Eu diria que a perseverança é um elemento primordial para as conquistas. A técnica aliada à ética no trabalho em quaisquer instituições, seja o Ministério Público ou o Poder Judiciário. O concurseiro, além de saber das temáticas que são colocadas, precisa ter uma formação ética que será exigida.
Nominuto – É difícil chegar onde o senhor chegou?
Eu acho que com perseverança não. É um processo interessante que pode ser modificado por cada um. No contato com a sociedade, na responsabilidade com ela, eu acho que essa é minha clareza que eu sou um servidor da sociedade. Essa é a minha razão de ser, fazendo com que isto tenha a maior repercussão possível junto à sociedade.
Nominuto – Sabemos que todo processo tem momentos difíceis. Alguma vez já pensou em desistir, em sair do cargo?
Como é um processo, às vezes recuamos um pouco, avançamos também, mas faz parte do jogo político institucional como um todo. Mas eu sou extremamente realizado como gestor, por fazer parte do Ministério Público e acredito muito na instituição. É bastante difícil, a responsabilidade é muito grande na chefia, mas é extremamente gratificante contribuir. É como se eu me sentisse segurando um bastão, que logo irei passar adiante, num percurso muito rico, marcando a minha gestão. Eu tenho um objetivo que é trabalhar objetivando otimizar a justiça social, efetivar a democracia. Então, todos os meus atos de gestão são em defesa da sociedade, da democracia e da luta pela justiça social, sempre.

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