terça-feira, 9 de março de 2010

Retaliação do Governo pode prejudicar comsumidores

A alta na tarifa de importação de produtos americanos pode pesar no bolso do consumidor brasileiro. No entanto, para o economista Luís Otávio Leal, do Banco ABC Brasil, a retaliação comercial contra os Estados Unidos faz parte do jogo diplomático internacional.

Ontem, o governo anunciou uma lista com 102 itens que, dentro de um mês, terão seu ingresso no país dificultado pelo aumento das tarifas. O objetivo é pressionar os EUA a apresentar uma contraproposta que evite uma retaliação de US$ 829 milhões.

- Qualquer medida que encareça o produto importado é pior para o consumidor. Mas essa decisão tem de ser avaliada num âmbito maior, porque foi permitida pela OMC (Organização Mundial do Comércio). Os Estados Unidos perderam e faz parte do jogo forçar o outro país a tomar medidas necessárias. Ou seja, se por um lado tem o encarecimento do produto, a retaliação pode fazer com que os americanos revejam sua política em relação ao algodão, o que beneficiaria a economia brasileira - explica o economista.

Segundo ele, esse é o preço a ser pago pela melhora no comércio entre os dois países. Leal acha que, se o Brasil não usar as armas que tem, perderá uma oportunidade.

- O país não está fazendo isso para proteger a indústria nacional. Quando decide aumentar os impostos sobre determinados produtos importados, os setores de lá que não têm nada a ver com o algodão, mas vão pagar o pato, reclamam. Isso pode pressionar o governo americano a fazer algo que vá de encontro aos interesses do Brasil - diz.

Na opinião do analista Armando Castelar, da Gávea Investimentos, a retaliação é um tipo de instrumento que incentiva a outra parte - no caso, os EUA - a cumprir regras.

- Faz sentido retaliar, mas a medida deveria ser concentrada em setores específicos. Se dispersa demais, não gera em nenhum deles o estímulo para tentar pressionar o governo - afirma Castelar.

Segundo ele, a retaliação tinha de trazer benefícios aos consumidores, e não prejuízos, como se vê agora. A quebra da propriedade intelectual, prevista em uma segunda fase, poderia proporcionar isso, de acordo com o economista.

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